domingo, 7 de outubro de 2007

UM INSTANTE

Mas o pior – escrevia Tarrou – é eles serem esquecidos e saberem-no. Os que os conheciam esqueceram-nos porque pensam noutra coisa, e isso é bem compreensível. Quanto aos que os amam, esqueceram-se também, pois são forçados a esgotar-se em diligências e projectos para os fazerem sair e, à força de pensarem nessa saída, já não pensam naqueles que querem fazer sair. Também isso é normal. E, no fim de tudo, vê-se que ninguém é realmente capaz de pensar em ninguém, ainda que fosse na pior das desgraças. Porque pensar realmente em alguém é pensar minuto a minuto, sem ser distraído pelo que quer que seja: nem os cuidados da casa, nem a mosca que voa, nem as refeições, nem uma comichão. Mas há sempre moscas e comichões. É por isso que a vida é difícil de viver. E estes sabem-no bem.” (Albert Camus – A PESTE)

À força de querer chegar a todo o custo perdemo-nos pelo caminho, distraimo-nos com as cores com o brilho com a luz e os sorrisos e esquecêmo-nos do que é verdadeiramente importante. Há um instante de lucidez que um dia, por um acaso, por uma coincidência, por um segundo nos faz ver claro toda a vida…. Para logo no instante seguinte a voltarmos a esquecer com toda a força e racionalidade do pensamento.

Ao som de algumas palavras que já não demoram na mente, depois do resto música ter acabado, depois de ter ouvido vezes sem conta atrás de vezes sem conta tudo o que já não havia para ouvir.
Guarda-me de ti.
Está um dia de vento e de sol.
Ontem, ou melhor na madrugada de hoje, no momento que quis que também estivesses a pensar em mim, nesse exacto momento uma pequenina luz acende o vazio…eras tu…
O mar é transparente e lá muito no fundo vêm-se pedras cores claras muito quietas resignadas à água parada e calma de início de tarde.
O caminho é árduo e cheira a terra.
Todo o universo vai ter a esta cor para todo o lado que eu fuja.
Hora após hora o silêncio que se esconde atrás das portas para nos lembrar de nós mesmos.
Perdeu-se tudo num só instante.

"These are the seasons of emotion and like the winds they rise and fall
This is the wonder of devotion - I seek the torch we all must hold.
This is the mystery of the quotient - Upon us all a little rain must fall." (RAIN SONG-LED ZEPPELIN)

2 comentários:

CLÁUDIA disse...

Aqui encontrei as palavras e os cenários que nunca estão "lá" nos instantes certos, porque na realidade nunca existem a não ser dentro de nós.

Até breve. ***

Anónimo disse...

Ola
Gosto mto mesmo do M E Cardoso, e gostei muito de te visitar ;))

Um grd beijinho

tb sou capricornio - temos sempre "alguma coisa forte que separa o coração da mente"