quinta-feira, 29 de novembro de 2007



"A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, para nos livrarmos logo disso. Depois viver num asilo, até ser postos de lá para fora por estarmos muito novos. Receber um relógio de ouro e ir trabalhar. Então trabalhariamos 40 anos até ficarmos novos o bastante para poder aproveitar a reforma. Aí curtiríamos tudo, bastante álcool, festas e preparação para a faculdade. Iríamos para colégio, teríamos várias namoradas, depois ficaríamos crianças, sem nenhuma responsabilidade, depois bebezinhos de colo, voltavamos para o útero da mãe, passavamos os últimos nove meses de vida flutuando. E terminaria tudo com um óptimo orgasmo! Não seria perfeito?" (Charles Chaplin)


terça-feira, 20 de novembro de 2007

Ter-te a ti como único pensamento...

Eu sei que foi noutra vida, ou está a ser noutra vida, paralela a esta, ou já irá ser ainda noutra vida que estes momentos se vão passar exactamente da forma que os sinto agora. Neste frio e silêncio desta hora que não passa. Sempre a mesma.

O toque era muito macio ou seria do casaco onde nunca tinha tocado mas via-se tão bem que era macio e quente. Por baixo as tuas costas estavam quentíssimas, não sei se era do casaco ou do toque minhas mãos. Mas era já madrugada e metade do sonho era imaginação ou metade da imaginação era sonho… E continuava… Mas adormeci… Adormeceu tudo o que de ti tinha ficado intacto no meu pensamento nocturno.

Lembro-me mais dos risos… Não tanto dos sorrisos, dos risos mesmo. Sinceros e espontâneos. E de um azul escuro de fundo ou um verde escuro. Que interessa agora o cenário??? É o pensamento que foge para o consciente quando menos é preciso… E deixa de existir tudo… Porque não se pode escrever ao mesmo tempo que se imagina… Por isso é que é difícil lembrar-te, descrever-te, aqui ao frio debaixo de uma luz fraca de memória…

Sei que a vida não era esta, não é esta mas estas lembranças existem na possibilidade de surgir uma outra vida, só mais uma igualzinha a esta…

segunda-feira, 12 de novembro de 2007


"Estou à tua espera num sítio onde as palavras já não magoam, não ferem, não sobram nem faltam. Esse sítio existe". (Inês Pedrosa-Fazes-me Falta)

Enquanto as palavras não voltam. Nem amaina a tempestade...

That's the way...

)

That´s the way

I don't know how I'm gonna tell you,I can't play with you no more,
I don't know how I'm gonna do what mama told me,
My friend, the boy next door.
I can't believe what people saying, You're gonna let your hair hang down,
I'm satisfied to sit here working all day long, You're in the darker side of town.
And when I'm out I see you walking, Why don't your eyes see me,
Could it be you've found another game to play, What did mama say to me.

*That's The Way, Oh, That's The Way it ought to be,
Yeah, yeah, mama say That's The Way it ought to stay.

And yesterday I saw you standing by the river,
And weren't those tears that filled your eyes,
And all the fish that lay in dirty water dying,
Had they got you hypnotized?

And yesterday I saw you kissing tiny flowers,
But all that lives is born to die.
And so I say to you that nothing really matters,
And all you do is stand and cry.

I don't know what to say about it,
When all you ears have turned away,
But now's the time to look and look again at what you see,
Is that the way it ought to stay?
That's the way... That's the way it oughtta be
Oh don't you know now, Mama said.. that's the way it's gonna stay.

(from LED ZEPELLIN III - That's the way)

(I really should go now. Just listen to the music. It sure wants to say goodbye)...


sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Caos e Silêncio


"O caos é uma ordem por decifrar."
(Livro dos Contrários), in Homem Duplicado, José Saramago.

Podia ter-te dito que era tudo um sonho, ou que tinha sido tudo inventado.
Antes da despedida ainda não te conhecia e depois, quando te comecei a conhecer já era tarde para qualquer tipo de explicação. Para que são precisas explicações se existem sentimentos? (Outra coisa que também nunca percebi).
Não é só o tempo que passa, há muita coisa a passar com o tempo. Foi preciso só um momento, um muito leve momento para se passar todo o tempo do mundo na minha frente, assim, de repente, num sorriso teu, vindo do nada.
(Eu também já passei e tu não viste. Só porque eu não quis).
Resta um cansaço. Sensação estranha de perda. Frio. Vontade de agarrar aqueles últimos momentos. Camuflar de novo a visão. Existir só. Num movimento lento fazer-se silêncio outra vez.








sexta-feira, 2 de novembro de 2007


Ela não sabe como voltar.

Passava-se tudo em câmara lenta, muito muito lenta… Cores e gestos que se confundiam, que demoravam a formar-se… Movimentos, sorrisos e brilho ao som de música intensa e também lenta. Tudo começava a fazer sentido nesta imagem que misturava todos os passados possíveis e todos os sentimentos numa só consciência, num só momento, numa só recordação…

Há uma praia deserta na alma de cada olhar.

(Nunca mais quero sentir o passar do tempo na alma.
Nunca mais quero ver o teu olhar, nem sentir o vento frio de qualquer noite na pele. Só há estrelas tristes. Não há passado nem presente nem futuro. Só a mente que não se distrai.
Nunca mais quero sentir a tua mão na minha. Fria e distante.
Desaparece. Não te peço mais nada nesta vida. Assim da mesma maneira que um dia apareceste a sorrir…evapora-te agora no ar gelado. Faz estas memórias acabarem. Nem só por mais um momento quero viver esta tortura, faz tudo o que puderes para eu nunca mais querer saber de ti. Faz-me acreditar que não existes. Só queria saber como era o mundo antes de ti. Não te despeças. Faz o que te peço. Queria só viver em paz. A paz que não tenho. Será pedir muito? Não posso viver com o teu pensamento na minha mente. Acabou-se tudo o que em alguma vez acreditei. Já nem o ar é puro.
Desaparece daqui. Nunca mais quero saber de nada. Nunca mais. Nunca mais quero sorrir para ti. Nunca mais quero chorar este tempo que não passa. Só quero que me deixes em paz. Para sempre. Só esta vez. Só esta vida. Vai embora! Ouves?... Vai mesmo… que não fique nem mais uma invisível réstia de ti. Já disse que não quero morrer. Só que vás embora. Ou então eu vou. Para nunca mais voltar).

A praia continuava deserta e com muito sol. As imagens tinham desaparecido. Mas era bom saber que as podia recordar assim, entre o esquecimento e a inconsciência, fora dos limites físicos dessa recordação, só tinham ficado os sentimentos bons sem a vertigem da ausência. Poder recordar sem saber com exactidão qual o verdadeiro objecto da saudade.

Já não tinha forças. Deixei que me levassem. Só por ir… Só por não poder ser de outra forma.

Agora sim, tudo estava exactamente como devia estar. À deriva.